1.7.08

Cartas de Amor

II


Quando saio, amor, à tua procura, é um mundo visivelmente novo que anseio. (Só tu me retiras do meu recolhimento e me abres secretamente o desconhecido.). Saio todos os dias e todas as noites, amor, sabendo que não me procuras, que não sentes a privação nos meus gestos desastrados e incorruptos: à tua procura. Não pressentes a minha voz, amor, somente delicada para ti? Não, não reparas nem ouves os meus apelos definhando tímidos, enfraquecendo à tua mercê, amor? Porque não me procuras, amor?, eu que me abandonei e abandono todos os dias e todas as noites para te encontrar diante de mim abandonado à minha procura, procurando, procurando inevitáveis amor.
Porquê amor? É forçoso que esta procura seja apenas docemente desesperada e perdida enquanto saio todos os dias e todas as noites não sabendo nunca que mundo desconhecido anseias? Porquê, amor, desconheço?

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